Saturday, March 27, 2004

Existencialismos à parte...ou não

Nietzsche propunha a laboriosa e nobre tarefa de operar a transmutação dos valores, o redesenhar da moral, a morte da moral cristã, a queda do Deus eternamente "bom" e "justo".

No princípio, existiam os homens fortes, os nobres guerreiros, e os homems fracos, os incapazes.

A moral dos mais fortes não restringia o homem forte, ele era livre de prosseguir o prazer da vida, sem que com isso quebrasse qualquer valor da sua moral: a moral era força, prazer... era viver!

Eram estes os homens bons, aqueles em que despertava o sentimento do poder, a vontade de poder, o próprio poder.
Os homens valorosos que não virtuosos, a virtude impunha moralismos com os quais os valores não se compadeciam.

Do outro lado, estavam os fracos, os incapazes, os ressentidos, os homens das e para as virtudes: "Quanto aos fracos, aos incapazes, esses que pereçam: primeiro princípio da nossa caridade. E que se os ajude mesmo a desaparecer! O que é mais nocivo que todos os vícios? - a compaixão que suporta a acção em prol de todos os fracos, de todos os incapazes - o cristianismo..." (O Anticristo, Friedrich Nietzsche).

Não havia uma escala dos seres, havia sim que criar apenas homens fortes.

Mas essa guerra não foi vencida pelos fortes, apareceu o ressentimento e os seus obreiros: os sacerdotes!

O cristianismo levou a cabo uma total inversão/substituição de valores transformando o bom em mau e o mau em bom.

Se és fraco, oprimido, incapaz, subjugado, então aspiras a virtude és um ser bom! Se és forte, opressor, capaz e te guias pelos valores da vida, então em ti não há nada de bom: és o mal!

Os sacerdotes impregnaram o homem de caridade, piedade e ressentimento. A verdadeira negação da vida: a vontade do nada.

Se não és forte, não tentes sê-lo, nunca serás capaz! Mas como incapaz, que és, tudo terás!

E assim, munidos de todas as suas virtudes, os sacerdotes aliaram-se aos fracos, que por serem fracos nada conseguiam fazer, e disseram-lhes que se nada consegues fazer tens Deus do teu lado, serás eternamente bom no reino dos céus. Já os outros, os que te oprimem, os saudáveis homens fortes, de tudo capazes, esses nada terão.

Os sacerdotes lançaram mão do RESSENTIMENTO, pegaram na vida e retiraram-lhe todo o prazer! O sofrimento, a dor e a doença, transformaram-se nas qualidades do homem virtuoso. O culpado das incapacidades dos fracos, era o homem forte. Não porque este os tornasse incapazes, mas porque era saudável, tinha prazer e era capaz! A salvação dos fracos estava em Deus!

Deste modo, os sacerdotes retiraram a vida da terra e colocaram-ne no reino dos céus. Ao homem cabe nada fazer, somente esperar chegar ao reino dos céus. Porque na terra não há nada de bom, apenas o prazer, a força, a guerra os valores da vida: o Prazer! Valores que deformam os homens! (transformar o que é bom, em mau).

"Entendem agora, porque é que isto demorou mais de dois mil anos a vingar?"

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